Jon Bon Jovi se desequilibra do banquinho, abafa um bocejo e finge cair no sono. Sei como se sente.
Estamos no estúdio da Rádio 2 da BBC em Londres, onde o supergrupo Bon Jovi está tocando ao vivo no programa Drivetime com DJ Simon Mayo.
Eles concordaram em tocar para 100 fãs, para angariar £20,000 para o Children In Need. Mas os acontecimentos tiveram uma guinada de 180º.
Enquanto a banda aguardava pacientemente para tocar os clássicos You Give Love A Bad Name, It's My Life e Wanted (Dead Or Alive) nos intervalos de 15 minutos eles tinham que suportar intermináveis coisas "malucas" de rádio como um perito em jogos de tabuleiro falando sobre a história do Banco Imobiliário e um ouvinte que colocou papel higiênico falso nos banheiros.
"Vamos falar sobre jogos de tabuleiro. Estou ENTEDIADO," diz Jon arrancando risadas da platéia. Felizmente, tudo fica divertido quando a banda preenche os espaços tocando versões de Lost Highway, Bed Of Roses e um cover de It's Only Make Believe.
Missão cumprida, sou convidado de voltao ao Hotel Savoy para entrevistar o cantor de 48 anos. Foi quando provei um pouco do seu estilo de vida de superstar. Jon insistiu que eu fosse no carro dele. Passamos pelos fotógrafos e fãs e aceleramos. No hotel a segurança está pesada pois o Príncipe Charles estava por lá. Entramos pela entrada de serviço e ficamos no bar para conversar.
Há muito o que conversar, a banda acabou de lançar o Greatest Hits, um CD duplo que inclui todos os clássicos e um novo single, What Do You Got?
Enquanto o cantor prefere sempre olhar para frente, ficar nostálgico sobre a carreira onde a banda ganhadora do Grammy vendeu 120 milhões de álbuns, emplacou cinco álbuns em primeiro lugar na Inglaterra, e tocou para 34 milhões de fãs, realmente raz algumas memórias agridoces.
"Neste ponto da minha vida, meu objetivo é manter o que conseguimos com graça e não queimar tudo. Quero ser contribuidor para cultura pop, mas preciso ter certeza de que a banda está progredindo e indo para frente," disse Jon.
Bon Jovi foi indicado para o 2011 Rock and Roll Hall of Fame com Alice Cooper, Neil Diamond, Tom Waits e Donovan. Tal prêmio teria sido impensável para o Jon adolescente cuja ambição não ia mais longe do que conseguir um contrato com uma gravadora.
"Este era o degrau mais alto da minha escada. Eu achava que se eu assinasse um contrato, eu ainda poderia morar com a minha mãe," relembra Jon, rindo.
Mas em 1986, a vida mudou para sempre quando o álbum Slippery When Wet chegou ao No.1 e produziu singles inesquecíveis como You Give Love A Bad Name e Livin' On A Prayer.
Jon disse: "Estávamos tocando no Holiday Inn em Sioux Falls, Dakota do Sul, abrindo para o The 38 Special, quando nosso empresário nos contou que estávamos em No.1.'
"Ficamos doidos de tanta empolgação. O The 38 Special disse, 'O que acham de sair em turnê conosco?' Respondemos, 'Desculpa, estamos saindo fora e fizemos os promotores nos pagar um jato partiuclar para nos levar de show em show.
"Dissemos, 'Peguem seus ônibus e enfiem'. Só voltei a entrar em um 25 anos depois."
Jon admite que quase pagou o preço por seu sucesso fenomenal. Ele disse: "Me lembro do esgotamento. Era terrível. De um cara de 25 anos me tornei chefe de uma empresa. De repente eu era o chefe que contratava um monte de gente e tinha que fazer decisões que afetaria suas vidas. Não estava preparado para isso. Então não culpo nossos empresários.
"Em retrospecto, se eu tivesse uma banda como o Bon Jovi, eu teria dito, 'Okay garotos, vão para casa. Não duvidem, vai continuar acontecendo, não se preocupem'. Eu nunca faria com que fizessem uma turnê de 240 shows e todas as entrevistas possíveis para TV. Hoje estou mais velho e mais sábio."
Jon dá o crédito a sua esposa por tê-lo ajudado.
Jon revela: "Estava acabado fisicamente e mentalmente. Minha esposa disse, 'Você tem que parar'. Estava na estrada Pacific Coast a caminho do meu psiquiatra. Eu fiquei com vontade de pular para fora do carro em movimento e morrer. Eu NÃO estou exagerando.
"Cheguei no consultório 45 minutos atrasado para uma consulta de 1h. Eu queria chorar no ombro do cara, mas não restava muito tempo. Então, eu voltei a ser Jon Bon Jovi de New Jersey. Eu disse, 'Quer saber de uma coisa? Vá se f***r. Não preciso que você me conserte, eu vou arrumar uma maneira'.
"Deus me abençoou. Eu tinha uma esposa que me amava e uma família para onde voltar. Por mais cansado e esgotado que eu estivesse, não sou de desistir. De jeito nenhum eu morreria. Ainda estou aqui. Minha saúde e minha família são o centro da minha existência. Sem minha esposa e filhos seria um cara morto. É um lindo privilégio ainda fazer o que estou fazendo. É um sonho realizado."
Ainda há muito tempo, mas Jon já está pensando para frente. Ele disse: "Você nunca verá o Elvis gordo em mim. Pessoas que eu admirava como Janis Joplin, Jimi Hendrix e John Belushi morreram com 27 anos. Tenho calças jeans mais velhas do que isso.
"As idades entre 42 e 48 me deram as minhas maiores memórias até agora. Quando olho para Bob Dylan, Jimmy Page, Bruce Springsteen, Bono - todos têm mais de 50 e ainda mandam muito bem. Isto é porque eles não levam a vida clichê de roqueiros. Eles sobrevivem sob um grande repertório e material novo. É neste time que quero jogar.
"Eu me inspiro nos Rolling Stones. Mas eu não me vejo fazendo turnê como eles fazem. Meus joelhos não vão aguentar. Estou lendo o livro de Keith Richards para me motivar. Eu vou estar cantando Livin' On A Prayer com 68? Não sei. Agora estou muito confortável com 48. Há uma safra que vem com a idade e experiência.
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